quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mocinho ou vilão?

A coluna No laboratório do Sr. Q coloca o ozônio na berlinda

Por: Joab Trajano Silva, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Publicado em 19/08/2011 | Atualizado em 19/08/2011



A camada de ozônio faz parte da atmosfera e protege nosso planeta de raios ultravioleta (Imagem: Nasa)

Você já deve ter ouvido falar na camada de ozônio, que protege a Terra dos raios ultravioletas. Mas já ouviu dizer que o ozônio é tóxico? Afinal, o que pensar da presença desse gás em nosso planeta? Para começar a reflexão, vamos entender de onde vem o ozônio.

Átomos do elemento químico oxigênio (O) podem se unir em diferentes proporções para formar dois gases: oxigênio (O2), constituído pela união de dois átomos de oxigênio; e ozônio (O3), cuja molécula é formada por ligações entre três átomos deste elemento.

O O2 praticamente não existia na atmosfera primitiva do nosso planeta. Ele começou a se acumular pela ação dos organismos que fazem fotossíntese. Durante o processo, eles quebram moléculas de água (H2O) e geram H+ e O2.

O O2 atmosférico pode ser convertido em ozônio (O3) por dois processos naturais. Na estratosfera (uma região da atmosfera localizada entre 12 e 50 quilômetros de altura), os raios ultravioletas provenientes do Sol quebram moléculas de O2 e geram átomos livres de oxigênio, que se combinam com moléculas de O2 intactas para formar o ozônio (O3).

É na estratosfera que está localizada a “camada de ozônio”, responsável pela absorção de quase 99% dos raios ultravioletas prejudiciais à vida na Terra. Sem esta camada de proteção, grande parte dos seres vivos existentes em nosso planeta seria afetada pela radiação ultravioleta e, como consequência, morreria. A camada de ozônio pode ser destruída por poluentes produzidos pelos seres humanos, como os clorofluorcarbonetos (usados nos sistemas de refrigeração de geladeiras, congeladores e câmaras frigoríficas) e o óxido nítrico (liberado pelas turbinas dos aviões), que convertem o ozônio em O2.

Já na troposfera (a camada da atmosfera localizada entre a superfície da Terra e a altitude de 12 quilômetros), o ozônio pode ser produzido pela ação de descargas elétricas que ocorrem durante tempestades. Uma tempestade de intensidade média pode formar aproximadamente 209 toneladas de ozônio.

Próximo aos grandes centros urbanos, o ozônio é formado também por reações químicas entre poluentes emitidos pela queima de combustíveis fósseis por automóveis e indústrias. Esta reação ocorre mais rapidamente nas estações do ano em que há maior incidência de luz solar e altas temperaturas.

O ozônio é tóxico, mesmo em baixas concentrações. Quando formado na troposfera, ou seja, próximo ao homem e outros animais, ele pode afetar as mucosas do nariz, garganta e pulmões, causando problemas respiratórios. As plantas, por sua vez, se tornam menos resistentes a doenças e ao ataque de insetos, e suas folhas podem ser danificadas.

Resumindo: o ozônio, na estratosfera, bloqueia os raios UV prejudiciais à vida. Porém, na troposfera, é tóxico para os seres vivos. Então me diga: se fôssemos fazer um filme, você acha que ele seria o mocinho ou o vilão?


A camada de ozônio faz parte da atmosfera e protege nosso planeta de raios ultravioleta (Imagem: Nasa)

Você já deve ter ouvido falar na camada de ozônio, que protege a Terra dos raios ultravioletas. Mas já ouviu dizer que o ozônio é tóxico? Afinal, o que pensar da presença desse gás em nosso planeta? Para começar a reflexão, vamos entender de onde vem o ozônio.

Átomos do elemento químico oxigênio (O) podem se unir em diferentes proporções para formar dois gases: oxigênio (O2), constituído pela união de dois átomos de oxigênio; e ozônio (O3), cuja molécula é formada por ligações entre três átomos deste elemento.

O O2 praticamente não existia na atmosfera primitiva do nosso planeta. Ele começou a se acumular pela ação dos organismos que fazem fotossíntese. Durante o processo, eles quebram moléculas de água (H2O) e geram H+ e O2.

O O2 atmosférico pode ser convertido em ozônio (O3) por dois processos naturais. Na estratosfera (uma região da atmosfera localizada entre 12 e 50 quilômetros de altura), os raios ultravioletas provenientes do Sol quebram moléculas de O2 e geram átomos livres de oxigênio, que se combinam com moléculas de O2 intactas para formar o ozônio (O3).

É na estratosfera que está localizada a “camada de ozônio”, responsável pela absorção de quase 99% dos raios ultravioletas prejudiciais à vida na Terra. Sem esta camada de proteção, grande parte dos seres vivos existentes em nosso planeta seria afetada pela radiação ultravioleta e, como consequência, morreria. A camada de ozônio pode ser destruída por poluentes produzidos pelos seres humanos, como os clorofluorcarbonetos (usados nos sistemas de refrigeração de geladeiras, congeladores e câmaras frigoríficas) e o óxido nítrico (liberado pelas turbinas dos aviões), que convertem o ozônio em O2.

Já na troposfera (a camada da atmosfera localizada entre a superfície da Terra e a altitude de 12 quilômetros), o ozônio pode ser produzido pela ação de descargas elétricas que ocorrem durante tempestades. Uma tempestade de intensidade média pode formar aproximadamente 209 toneladas de ozônio.

Próximo aos grandes centros urbanos, o ozônio é formado também por reações químicas entre poluentes emitidos pela queima de combustíveis fósseis por automóveis e indústrias. Esta reação ocorre mais rapidamente nas estações do ano em que há maior incidência de luz solar e altas temperaturas.

O ozônio é tóxico, mesmo em baixas concentrações. Quando formado na troposfera, ou seja, próximo ao homem e outros animais, ele pode afetar as mucosas do nariz, garganta e pulmões, causando problemas respiratórios. As plantas, por sua vez, se tornam menos resistentes a doenças e ao ataque de insetos, e suas folhas podem ser danificadas.

Resumindo: o ozônio, na estratosfera, bloqueia os raios UV prejudiciais à vida. Porém, na troposfera, é tóxico para os seres vivos. Então me diga: se fôssemos fazer um filme, você acha que ele seria o mocinho ou o vilão?

Não chore mais por mim

A coluna No laboratório do sr. Q desvenda por que as cebolas causam lágrimas e dá a dica de como evitar isso Por: Joab Trajano Silva, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Nativa da Ásia Central, a cebola passou a ser cultivada em várias regiões do mundo. Textos chineses, indianos e egípcios de cerca de 5 mil anos já faziam referência a este vegetal. Hoje, as receitas são inúmeras (Foto: Wikimedia Commons) Domingo, seus pais em casa preparando um almoço. Está quase tudo pronto, quando sua mãe lembra: falta a salada! E corre para a cozinha. Minutos depois, você dá de cara com ela chorando, faca numa mão, cebola na outra. Se você já viveu uma história parecida, está na hora de entendê-la: por que será que as cebolas levam os cozinheiros às lágrimas? As células da cebola produzem e armazenam duas substâncias de nome esquisito: o sulfóxido de S-1-propenil-L-cisteína (se você achou complicado, pode chamá-lo apenas de allina) e a allinase, uma enzima que modifica quimicamente a allina e produz o ácido 1-propenil sulfênico. Na cebola, a allina e a allinase não reagem, porque estão em compartimentos diferentes. Mas, se a cebola é cortada, amassada ou danificada de qualquer outra forma, milhões de células são destruídas, os compartimentos são desfeitos e o ácido 1-propenilsulfênico começa a ser produzido. Existem muitas variedades de cebola, que se diferenciam pelo formato, cor, ardência e tamanho (Foto: Flickr)
Existem muitas variedades de cebola, que se diferenciam pelo formato, cor, ardência e tamanho (Foto: Flickr) O problema é que essa substância é rapidamente transformada por outra enzima num novo composto, o óxido de tiopropanal, conhecido como composto lacrimejante. Eis o nosso vilão, que faz arder os olhos e abrir o chororô. O óxido de tiopropanal é volátil, ou seja, evapora rapidamente, e seus vapores se dissipam pelo ar. Quando entram em contato com os olhos, reagem com a umidade e formam pequenas quantidades de ácido sulfúrico, propanal e ácido sulfídrico, substâncias que irritam as terminações nervosas, causando ardência e coceira. Em resposta a essa irritação, as glândulas lacrimais começam a produzir lágrimas para diluir os compostos irritantes e proteger os olhos. Se a cebola crua faz muita gente chorar, o mesmo não acontece quando a aquecemos no forno ou na panela. Quando a cebola é aquecida, o ácido 1-propenil sulfênico é transformado mais rapidamente numa outra substância, o tiossulfinato ou allicina, que, além de não fazer chorar, ainda gera um perfume de dar água na boca. O bulbo da cebola é formado por um caule pouco desenvolvido – aquela parte dura na base do bulbo, chamada de prato, da qual nascem raízes –, revestido por folhas suculentas, cada uma formando uma camada da cebola, e folhas secas, que forma a casca (Foto: Flickr) Um detalhe curioso éque tanto a cebola (Allium cepa) quanto o alho (Allium sativum) possuem allina e allinase, mas apenas a cebola nos faz chorar. Você que é inteligente e acompanhou com atenção a explicação acima já deve saber a resposta: apenas a cebola contém a enzima que produz o composto lacrimejante. No alho, que não possui essa enzima, todo o ácido 1-propenilsulfênico produzido pela allinase é transformado em tiossulfinato, o composto aromático. Depois de ler tudo isso, você já pode consolar os cozinheiros chorosos por aí. Aproveite para ensinar a eles algumas técnicas que evitam a choradeira na hora de cortar cebola: uma delas é deixá-la por algumas horas na geladeira. A baixa temperatura diminuir a atividade das enzimas envolvidas na produção do composto lacrimejante. Além disso, existem variedades naturais de cebola, denominadas “doces”, que são menos ácidas e não provocam lágrimas. Bom apetite!
O bulbo da cebola é formado por um caule pouco desenvolvido – aquela parte dura na base do bulbo, chamada de prato, da qual nascem raízes –, revestido por folhas suculentas, cada uma formando uma camada da cebola, e folhas secas, que forma a casca (Foto: Flickr)

Transístor de prótons liga eletrônica a organismos vivos

Transístor de prótons liga eletrônica a organismos vivos: O transístor de prótons permitirá a interligação direta de processadores e circuitos eletrônicos tradicionais com organismos vivos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Inscrições para o Nata, Nave, Erich Heine e outras unidades escolares vão até 7 de outubro

A Secretaria de Estado de Educação inicia nesta terça-feira (20/9) o processo seletivo para as escolas de Ensino Médio Integrado da rede estadual. As inscrições vão até o dia 7 de outubro e serão feitas nos sites da Secretaria de Educação: www.rj.gov.br/seeduc e www.conexaoaluno.rj.gov.br. A seleção será realizada em duas fases – a primeira, com provas objetivas de Português e Matemática, e a segunda, com uma redação.

São 880 vagas no total, com 5% delas destinadas a portadores de deficiência (desde que não haja incompatibilidade entre a deficiência e as atividades típicas do curso pretendido) e 5% para alunos oriundos da rede privada, divididas em sete escolas e diversos cursos:


Para participar, é preciso que o candidato tenha nascido entre 01/01/1995 e 31/12/1998 e ter concluído o 9º ano do Ensino Fundamental ou a Fase IX da EJA (Educação de Jovens e Adultos) em escolas que integrem a Rede Pública ou Rede Privada de ensino. Os alunos selecionados deverão levar comprovante ou histórico escolar no ato da matrícula.

O Ensino Médio Integrado é uma modalidade de ensino que une a formação geral (conteúdos da Educação Básica) com a formação técnica (preparando para o mercado de trabalho) e pressupõe a construção de uma matriz curricular diferenciada. Oferece habilitação profissional técnica com uma só matrícula.

Os cursos serão ministrados nos seguintes endereços e horários:


• CE Jose Leite Lopes- Rua Uruguai nº 204 – Tijuca – RJ.
Das 7h às 17h, com o intervalo para o almoço.

• CE Comendador Valentim dos Santos Diniz- Rua Capitão Juvenal Figueiredo, s/nº - Colubandê – São Gonçalo - RJ.
Das 7h às 17h, com o intervalo para o almoço.

• CE Erich Walter Heine - Rua Manoel Lourenço dos Santos, s/nº - Santa Cruz – RJ.
Das 7h às 17h, com o intervalo para o almoço.

• CE Agrícola Almirante Ernani do Amaral Peixoto - Estrada da Conceição, nº 4.601 – Conceição – Magé – RJ.
Das 7h às 17h50, com intervalo para almoço.

• CE Dom Pedro II – Rua do Imperador, nº 400 – Centro – Petrópolis – RJ.
Das 7h às 18h10, com intervalo para o almoço.

• CE Infante Dom Henrique - Rua Belford Roxo, nº 433 – Copacabana – RJ.
Todas as manhãs de segunda a sexta feira das 7h às 12h30 e duas vezes por semana à tarde das 12h50 às 18h10 (os alunos permanecerão na unidade escolar no intervalo do almoço).

• CIE Miécimo da Silva – Rua Augusto Candini, s/nº - Campo Grande – RJ
Nos cursos de:
Administração e Informática- Todas as manhãs, de segunda a sexta feira, das 7h às 12h, e duas vezes por semana à tarde, das 13h20 às 17h50 (os alunos permanecerão na unidade escolar no intervalo do almoço).
Edificações – Todas as tardes, de segunda a sexta feira, das 12h30 às 17h50, e duas vezes por semana pela manhã, das 7h às 11h30 (os alunos permanecerão na unidade escolar no intervalo do almoço).

Galera do 3º ano do CERA!!!!!

Trabalho sobre Efeito Bombaim para entregar amanhã!!

Nem sempre a afirmação “Filhos de pais de sangue O não podem ter sangue A” é verdadeira. Isso porque existe um grupo, correspondente a menos de 1% da população, em que as técnicas tradicionais de determinação dos grupos sanguíneos os identificam como se fossem de sangue O, mesmo sendo homozigotos ou heterozigotos do tipo A e B; ou AB. A incidência destes casos é maior na Índia, principalmente em Mumbai, também chamada de Bombaim – justificando o nome dado a este fenômeno. Neste caso genérico, há a possibilidade, mesmo que pequena, de um dos pais ser um falso O.

Isso pode ser explicado da seguinte forma: um lócus gênico, chamado lócus H, determina a produção de um fator responsável pela expressão do fenótipo do sistema ABO. Assim, indivíduos HH ou Hh sintetizam uma enzima que é responsável pela formação do antígeno H; transformado em antígeno A ou B: responsável pela determinação dos grupos sanguíneos A, B e AB, em testes tradicionais.

Quando esse lócus gênico não está presente, ou seja, em casos de indivíduos homozigotos recessivos (hh), é manifestado um fenótipo de sangue do tipo O independentemente do seu genótipo verdadeiro, já neste caso que é sintetizada uma enzima inativa.

Diante destes fatos, para se detectar se uma pessoa é realmente O ou um falso O, é necessário um teste em que se é aplicado o anticorpo anti-H em uma gota de sangue. Quando há a aglutinação desta amostra, o indivíduo possui genótipo referente ao sangue O; quando não, é um falso O, não sendo possível se fazer a detecção de seu real grupo sanguíneo.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pílula anticoncepcional influencia lembrança das mulheres, mostra estudo

RIO - A pílula anticoncepcional pode influenciar a forma como as mulheres lembram das informações, sugerem pesquisadores. Especialistas dizem que as pacientes que usam o método tendem a lembrar diferentes aspectos de um incidente relacionado ao ciclo menstrual. Isso acontece porque o remédio mexe no balanço hormonal das mulheres, mostra reportagem publicada no jornal britânico "Daily Mail".
Quem toma pílula é menos propensa a lembrar detalhes de um evento, mas tem mais facilidade para manter o impacto emocional global do ocorrido. O remédio reduz o estrogênio e a progesterona para prevenir a gravidez e acredita-se que esses hormônios têm uma relação com a capacidade da mulher de lembrar os eventos logicamente, de acordo com Larry Cahill, um neurobiólogo que trabalhou no estudo.
Isso levanta questões sobre como a pílula pode afetar a performance feminina no trabalho. Como o remédio não danifica a memória, isso significa que os eventos são lembrados de uma forma diferente. Especialistas da Universidade da Califórnia observaram como as mulheres que usam o medicamento se relacionaram com as memórias de um acidente de carro, comparadas com outras que não usavam nada.
As que usavam a pílula lembraram com mais clareza dos aspectos gerais do evento - que um menino havia se envolvido na batida e como os médicos trataram dele. As que não usavam a pílula lembraram de mais detalhes - que havia um hidrante próximo ao carro, por exemplo. A descoberta, publicada na revista "Neurobiology of Learning and Memory", pode ajudar a explicar por que os homens lembram das coisas de forma diferente das mulheres.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2011/09/12/pilula-anticoncepcional-influencia-lembranca-das-mulheres-mostra-estudo-925333475.asp#ixzz1Xl3POBTi © 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

O oceano do futuro

RIO - Imagine ver, em um tanque de plástico de 130 litros, como será o oceano daqui a um século. Esta é a proposta dos pesquisadores do Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras. O grupo construiu um sistema, com 16 tanques ligados direta e permanentemente ao mar, em Arraial d'Ajuda (BA). Em cada um deles serão colocadas espécies típicas daquele litoral: estrelas-do-mar, ouriços, algas calcárias, até micro-organismos. Mas, principalmente, recifes de corais.


O Brasil é um dos únicos países do Hemisfério Sul a contar com estas estruturas em seu litoral - o outro é a Austrália. As 16 espécies conhecidas no mundo sofrem dos mesmos estresses: os oceanos estão mais quentes e ácidos, o que contribui para sua corrosão.
- O diferencial desse sistema é que nossos tanques nunca perderão a conexão com o mar, a 500 metros dali - explica Emiliano Calderon, professor visitante do Museu Nacional e pesquisador associado do Coral Vivo. - A qualidade da água, portanto, será sempre a mesma. A luminosidade também. Sendo fiel a este marco zero, é provável que nos aproximemos mais do que ocorrerá no futuro.
Calor fará algas produzirem toxinas
A ligação com o oceano estará à disposição dos pesquisadores a partir da semana que vem, e em setembro eles vão se reunir para escolher que cenários vão simular nos tanques.
De acordo com as projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, a temperatura dos oceanos pode aumentar entre 2 e 4 graus Celsius até o fim do século. Nenhuma dessas possibilidades é recebida com otimismo pelos estudiosos.
Boa parte da fisiologia dos animais é regulada pelos termômetros. Apenas 1 grau Celsius a mais pode fazer algas, que vivem dentro do coral, produzir radicais livres tóxicos para aquela estrutura. As algas acabam expulsas, mas, como elas são responsáveis por sustentar o coral - o que fazem pela fotossíntese -, o organismo inteiro é comprometido e pode morrer.
- Os tanques funcionarão como máquinas do tempo - compara Calderon. - Em um, manteremos temperatura e pH da água exatamente como são hoje. Nos outros três, vamos aumentar a temperatura, deixar a água mais ácida. Assim saberemos a resistência dos organismos que estão ali dentro e se podemos esperar que eles sobrevivam às próximas décadas.
O pH da água é, em média, 7. Se este índice diminuir 0,3 ou 0,4 - como apontam algumas projeções para daqui a cerca de 20 anos -, haverá consequências drásticas para a biodiversidade.
- Num ambiente mais ácido, o esqueleto calcário se dissolve. Já encontramos, inclusive, organismos com deformações - alerta o pesquisador. - E, em cima desse esqueleto, existe uma fauna, de micro-organismos a peixes, que vive associada aos recifes. Se houver um problema naquele material que sustenta a todos esses seres, sua abundância é comprometida.
Os recifes, portanto, são fundamentais para quem estuda a variedade das espécies marinhas. E, como se fazem mais presentes na Bahia, este foi o local escolhido para o estudo. Em Búzios, de acordo com Calderon, há estruturas semelhantes, embora menos diversas.
O sistema de tanques a ser inaugurado na semana que vem será o primeiro da América Latina. Ainda assim, no que se refere ao estudo de mudanças climáticas na costa, o Brasil ainda está "dez anos atrás" da Austrália, segundo o pesquisador do Coral Vivo.
- Este acompanhamento já é feito há tempos na Oceania, mas não podemos usar os dados obtidos ali como válidos aqui - ressalta. - Um recife da Austrália pode ter uma resistência diferente da de um brasileiro. Em cada local a temperatura e a acidificação dos mares ocorrerá de uma forma diferente.
Segundo o Censo da Vida Marinha - contagem encerrada no ano passado, após uma década -, o homem conhece cerca de 230 mil espécies que habitam os oceanos. Os litorais do Japão e da Austrália são as zonas de maior biodiversidade. O Brasil tem 9.101 espécies em sua costa, sendo a maioria crustáceos, moluscos e peixes.
Biólogos estimam, no entanto, que os números conhecidos ainda estão muito aquém da realidade. Estimativas indicam que até 1 milhão de espécies habitariam os oceanos. Teme-se que, com fatores como mudanças climáticas e poluição, centenas delas morram sem jamais ter sido registradas.
Fonte: O Globo
Data: 19/08/2011
Editoria: Ciência
Autor: Renato Grandelle
Link: http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/08/19/o-oceano-do-futuro-925163494.asp

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Grupos Sanguíneos

Conheça a determinação genética dos grupos do sistema ABO
Maria Graciete Carramate Lopes*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Chamamos de alelos às versões diferentes de genes que surgem através de mutações. Para algumas características, podem existir, numa determinada população, três ou quatro versões de um gene, fenômeno para o qual damos o nome de alelos múltiplos. É bom lembrar que, mesmo existindo três ou quatro alelos na população (para uma determinada característica), cada indivíduo possui em suas células apenas um par de genes alelos localizados em regiões correspondentes de seus cromossomos homólogos.

Um exemplo de alelos múltiplos são os genes envolvidos na determinação dos grupos sanguíneos do sistema ABO nos seres humanos. Os tipos sanguíneos do sistema ABO relacionam-se a características do sangue que envolvem a presença ou ausência de dois tipos de substâncias: uma delas localiza-se nas hemácias e é chamada de aglutinogênio e a outra localiza-se no plasma sanguíneo e é chamada de aglutinina.

Existem dois tipos de aglutinogênios ― A e B ― e dois tipos de aglutininas ― anti-A e anti-B. Assim, para o sistema ABO, dizemos que uma pessoa possui sangue tipo A, se ela possui, em suas hemácias, aglutinogênios A, e, no plasma, aglutininas anti-B. Observe os outros casos na tabela:

Tipo...............Aglutinogênios......Aglutininas
sanguíneo............(nas hemácias).....(no plasma)


A........................A..................anti-B
B........................B..................anti-A
AB ....................A e B................nenhum
O......................nenhum............anti-A e anti-B

Esquema representando presença ou ausência dos dois tipos de aglutinogênios na membrana de hemácias humanas.


Determinação genética dos tipos sanguíneos do sistema ABO
A presença ou ausência de aglutinogênios no sangue das pessoas é determinada pelos genes IA, IB ou i. Os genes IA e IB são dominantes sobre o gene i. O gene IA, por exemplo, determina a produção de uma enzima que sintetiza o aglutinogênio A. Portanto, se uma pessoa possui o genótipo IA IA e uma outra pessoa apresenta o genótipo IA i, as hemácias de ambas apresentam o aglutinogênio A, ou seja, elas apresentam tipo sanguíneo A.

Algo semelhante ocorre no caso de pessoas de tipo sanguíneo B. Mas as pessoas de tipo AB possuem genótipo IA IB, pois não há dominância entre esses dois genes. Essas pessoas são capazes de sintetizar tanto o aglutinogênio A como o B. Por fim, uma pessoa do tipo O possui genótipo ii, ou seja, não possui as enzimas necessárias para a fabricação de nenhum dos dois aglutinogênios. Resumindo:
Genótipos ........Fenótipos
IA IA ou IA i..........A
IB IB ou IB i......... B
IA IB.................AB
ii.....................O

A importância dos tipos sanguíneos - as transfusões
A descoberta do médico austríaco Karl Landsteiner, em 1900, de que havia incompatibilidade entre o sangue de certas pessoas, abriu caminho para a identificação de vários tipos sanguíneos, entre eles os do sistema ABO. Embora não seja o único sistema de grupos sanguíneos, este é o de maior importância prática nos momentos de transfusão.

O que acontece se uma pessoa de sangue tipo A, receber sangue do tipo B? Uma vez que, no plasma do receptor, existem aglutininas anti-B, essas substâncias agem como anticorpos contra os aglutinogênios B existentes nas hemácias do doador, provocando o rompimento dessas hemácias e uma reação conhecida como reação de aglutinação. Note que a mesma reação vai ocorrer se a pessoa do tipo A recebe sangue de uma pessoa do tipo AB.

Esquema representando as possíveis transfusões sanguíneas, considerando-se o sistema ABO.




As pessoas de tipo AB não possuem nenhuma das aglutininas do sistema ABO e isso significa que elas podem receber, por transfusão, sangue de qualquer tipo. Essas pessoas são chamadas de receptores universais e os portadores de sangue tipo O são doadores universais. Isso significa que eles podem doar sangue para qualquer pessoa, uma vez que suas hemácias não possuem aglutinogênios. Mesmo que o receptor possua aglutininas, estas não terão nenhuma substância contra a qual reagir.